que encerra os barcos negros no abrigo,
para que o olhar da gárgula arguta
roube às goteiras um golo de luz.
Mas a vida secou. A árvore de ouro
de que viste a sombra ferida no muro,
na parede da casa à meia-noite,
de súbito enlaçada ao candeeiro,
morreu. E tu partiste sob a chuva
de outro mundo, sem saberes que fazer
da carruagem com olhos de lobo,
da porta onde o teu corpo se gravou.
Voltarás ao caminho devorado,
das trevas iludido o céu diurno.
LUIS MANUEL GASPAR
in A Sombra do Farol (1995)
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