sexta-feira, 25 de agosto de 2017


Há um lugar que escreve sobre
a ausência de todos os lugares.
[...]


- MANUEL DE FREITAS

segunda-feira, 3 de julho de 2017

quinta-feira, 15 de junho de 2017

#13




Ricardo Marques, A Noite [Variações],
com capa a partir de colagem de Rui Pires Cabral 
e arranjo gráfico de Inês Mateus,
Lisboa, Alambique, 2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

terça-feira, 16 de maio de 2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

3 anos



[18 de Abril de 2014]



[18 de Abril de 2015,
sob a bênção de Santo Antoninho dos Esquecidos]



[2016]



[2017]

terça-feira, 28 de março de 2017

#12



Manuel de Freitas, Game Over, 2.ª ed. rev.,
com capa de Luís Henriques e arranjo gráfico de Pedro Santos, 
Lisboa, Alambique, 2017

[Originalmente publicado na & etc, em 2002, 
com capa de Luis Manuel Gaspar e arranjo gráfico de Olímpio Ferreira]

segunda-feira, 13 de março de 2017

A Averno e a Alambique estarão presentes,
com todo o seu catálogo de poesia.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

#11



António Barahona, Só o som por si só (Quarto Tômo da Suma Poética),
com capa a partir de colagem do Autor e arranjo gráfico de Inês Mateus,
Lisboa, Alambique, 17 de Janeiro de 2017

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

VALE DA MADRUGADA

Para Inês Dias


Os dias passam
e fica o silêncio das casas desocupadas
uma gota d'orvalho suspensa no vazio
nunca constrói uma ponte sobre o nada
algumas coisas nunca acontecem

raízes subaéreas
deste mundo muito estreito
lembram marés acima dos dias
famintas de luz
nunca roubando a gota
à flor vizinha.


Miguel de Carvalho, Neste estabelecimento não há lugares sentados,
 Lisboa, Alambique, 2016



[Inês Dias, 'Pelos caminhos da manhã', 2011]

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

GENEALOGIA

Para a Céu


Tinha medo de morrer, a minha avó.
A minha mãe não, nunca teve,
e o meu pai tem desde que me lembro
um talento inato para contornar a questão.

Era um medo simples e espontâneo,
o da minha avó. Receava
não acabar o bordado infinito
e o alheamento de tudo,
com a vaga excepção do afecto.
Queria apenas encontrar a manhã,
o pequeno missal junto à cabeceira
- e foi, sem o saber, a minha «musa distraída».

Arrependi-me, tantos anos depois,
de julgar que a vida se podia - querendo
ou não querendo - deitar fora.
Ainda aqui estou, vivo e descontente.
Não esqueço a antiga criada (foi mais
do que isso: uma segunda mãe) perguntando-me
num sorriso se eu, no fundo, desejava
a morte que a avó não queria desejar.

E poluo essas memórias, talvez
por saber que não voltarei a atravessar
com ela a rua onde mais vezes caiu,
onde era senhora distante de um mundo
acabado, vagamente aristocrático
e, por sorte, ainda sem muito trânsito.

Ninguém, mesmo que queira,
quer morrer. E, do mais, ficam-nos
vislumbres, pormenores, anotações
cujo sentido descobrimos demasiado tarde.

Não sei se a cultura ajuda. Preferia
a qualquer obra de Bach
que a música ambulante do amolador
pudesse de novo passar na infância,
na infância breve de estarmos ambos vivos,
sentados na varanda. À espera de dias
iguais, sob a alta sombra de pinheiros.

Era isso.


Manuel de Freitas
in Sunny Bar, com org. de Rui Pires Cabral, posfácio de Silvina Rodrigues Lopes, capa de Luís Henriques e arranjo gráfico de Pedro Santos, Lisboa, Alambique, 2015